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Você fez a diferença: Norma Geralda Riani (in memoriam)

Na penúltima história da série de homenagens até a Plenária da Região Sudeste organizada pela Feserp Minas, mostramos, cronologicamente, um pouco da vida de Norma Geralda Riani (in memoriam)

Nasceu em 2 de agosto de 1921 na Rua da Glória, na cidade mineira de Juiz de Fora. Filha de Augusto e Augusta Venançoni.
Aos sete meses de idade foi morar na Rua Alves Júnior, 92 – Grota dos Macacos, atualmente Bairro Centenário. Aos sete anos assumiu o comando da casa em virtude da doença da mãe que se viu obrigada a ficar prostrada no leito. Norma tinha ainda a obrigação de cuidar de seus irmãos menores.

Aos treze anos, levantava às 5 horas da manhã para trabalhar na fábrica Industrial Mineira para ajudar o pai no sustento da família, prejudicando assim seus estudos, não podendo completar o curso primário, ficando apenas com o 2° ano.

Em 1939, conheceu Clodesmidit Riani. Na ocasião, ela trabalhava na fábrica Bernardo Mascarenhas como operária tecelã. Em 1941, casaram-se na Igreja da Glória, onde Norma foi batizada. Ela teve de continuar o trabalho na fábrica para ajudar a manter o lar, pois Riani era responsável na manutenção de seus pais e de um irmão desempregado. Com dois anos de casados, já tinham dois filhos e Norma teve que parar de trabalhar para cuidar do lar.

O casal morou no Bairro Manoel Honório e ao completar treze anos de matrimônio já eram pais de oito filhos. Mudaram para a Rua Josefina Tristão, nº 201, no Bairro Santa Terezinha, em 1954, onde permaneceram por vinte e seis anos, por recomendação médica, pois Norma tinha sofrido infecção pulmonar, a família mudou-se de Santa Terezinha. Foi um momento difícil, já que a casa que residia era própria. Foi preciso alugar e depois vendê-Ia. Assim, foi morar no centro da cidade. A enfermidade de Norma foi ocasionada pela absurda construção do canal que originou o desvio de um córrego deixando-o a céu aberto.

Muito combativa nos assuntos ligados à sua comunidade, Norma conseguiu com os ex-Prefeitos Adhemar Rezende, Arlindo Leite e Mello Reis o calçamento, a rede de água e a ponte da Rua Josefina Tristão. Norma sempre lutou para que as pessoas carentes ingressassem no Colégio Estadual Sebastião Patrus de Souza. Certa ocasião pediu a um diretor da escola três vagas e, quando já tinha solucionado, pediu outra vaga para um de seus filhos. Assim era seu modo de proceder.

A pedido de Norma, juntamente com os moradores do bairro, seu esposo Riani, no exercício do mandato de Deputado Estadual, conseguiu o terreno da Igreja Santa Terezinha, verba para construção do Grupo Escolar José Eutrópio e o Ginásio Estadual de Juiz de Fora, instalado na Rua Mariano Procópio, posteriormente transferido para o Bairro Santa Terezinha, o qual foi denominado Colégio Estadual Sebastião Patrus de Souza.

Foi com muita fé e união que a família atravessou os períodos de turbulência. Riani assumiu muitas responsabilidades políticas e sindicais. Mas, na retaguarda, teve o apoio e dedicação desta grande e lutadora companheira que, com seu dinamismo, cuidava do lar e suportava toda a responsabilidade de cuidar e educar os dez filhos. no caminho da honestidade, honradez e dignidade. Sendo, hoje, todos formados e dignos do maior respeito, quer em suas atenções profissionais, quer em sociedade.

Desde o seu primeiro mandato de Deputado Estadual a partir de 1954, e também como sindicalista, Riani teve que percorrer o interior de Minas Gerais onde muitos operários estavam sendo explorados pelos empresários desleais e desumanos e fundando sindicatos, sendo todas estas viagens custeadas por ele.

Com o Golpe Militar de 1964, Norma sofreu demais. Tornou-se viúva de marido vivo, tendo o seu querido Riani preso durante 5 anos e oito meses. Imaginem o que ela passou neste período! Com dez filhos para criar e sem meios financeiros suficientes. Norma nunca reclamou de nada e foi a maior companheira de luta que Riani pode contar. Não mediu sacrifícios e nem poupou esforços para manter a integridade moral do lar. Enfrentou todas as barreiras para proporcionar tranquilidade à família nos das prisões por onde o marido passou.

Em 1966, ele estava preso em um quartel da PM quando completaram 25 anos de casados. Conseguiram autorização para celebração da missa de Bodas de Prata pelo Padre Capelão da PM. A hora do culto foi um vexame. Seus amigos não foram autorizados a assistirem a missa. Que sofrimento para Norma! Levar os filhos para assistirem um ato tão importante e sofrer amargamente ao ver os amigos impedidos de participarem. Ao término da missa aconteceu sua dor maior: viu seu marido ser escoltado para a prisão.

Outro momento de sofrimento para Norma foi no casamento da primeira filha, Isair. O comparecimento de Riani foi autorizado somente no casamento civil, desde que fosse realizado no salão nobre da 4ª Região Militar. Não deixaram que ele assistisse o casamento religioso. O mesmo fato se deu no casamento do filho mais velho, Augustsmidt.

Era uma tortura permanente para Norma os vários períodos de prisão do marido. Ele ficava incomunicável e as transferências de prisões para Belo Horizonte e Rio de Janeiro, sem qualquer comunicação com a família, aumentava o martírio para descobrir seu paradeiro. Quando descobria era uma batalha conseguir visita.

Quando esteve preso, por 1 ano e 6 meses, na Ilha Grande, Norma não pode visitá-lo por motivo de saúde, tendo em vista que a viagem era longa e perigosa, tendo uma parte marítima em barcos precários. Norma sofreu demais, mas sempre demonstrava sua firmeza de caráter. E como valeu para seu amado Riani as cartas dela que recebia na prisão, sempre confiante e esperançosa.

Diante de todos os atropelos da vida, realizaram em 1991 as comemorações pelos 50 anos de casados. As Bodas de Ouro, que era o sonho dela, teve uma concorrida missa na Igreja da Glória e coquetel no Clube Militar, estando Norma já bem doente.

Ela Faleceu em Juiz de Fora, em 27 de março de 1992.

Tudo o que se falar e escrever sobre Norma será muito pouco.

Uma mulher que conseguiu ao longo de uma existência sofrida acumular todos os sinônimos de caráter, dignidade, honradez e bravura.

Norma foi uma pessoa privilegiada por Deus, sendo uma filha amorosa, irmã dedicada, mãe exemplar e carinhosa, digna esposa que deixou o legado da saudade pela sua doçura, amor à família e ao próximo, carinho e a mais sincera das amizades.

 

 

Fonte: Câmara Municipal de Juiz de Fora

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