Bem vindo ao site da FESERP Minas

E-mail:

feserpjf@gmail.com

Visite-nos:

Rua São Sebastião, 780, Centro, Juiz de Fora/MG CEP: 36.015-410

Artigos

Tragédia em Janaúba: a professora-heroína Heley de Abreu Silva Batista

Nesses tempos sombrios (em todos os sentidos: político, cultural, social…), em que as pessoas são famosas por 15 minutos, e depois ordinárias para o resto da vida, não deixa de ser um alento, ainda que amargo diante das circunstâncias, que a tragédia de Janaúba tenha nos deixado uma verdadeira heroína: a professora Heley de Abreu Silva Batista.

Nascida em Montes Claros, radicada em Janaúba desde a adolescência, Heley tentou primeiro a contabilidade, mas não estava feliz com os números, e partiu para a Pedagogia – e foi feliz. Antes de se formar já ajudava o tio em seu trabalho com as crianças. “Gostava demais da conta”, no relato de mais de uma colega e de todos os parentes. Por anos trabalhou com crianças em escolinhas da cidade e, no ano passado, passou no concurso da Prefeitura, designada para a Creche Gente Inocente. E foi muito feliz.

Na verdade, a sua felicidade – e isso era segredo, mal guardado, dela – tinha a ver também com a sua criança, de 1 ano e três meses, gerada quando Heley já tinha mais de 40 anos. Amigas contam que ela não imaginava mais ser mãe. Já tinha sido, de Breno (15 anos), de Lívia (12 anos) e de um terceiro, que tragicamente morreu afogado, na piscina de um clube (aos 5 anos). E aí talvez – e isso é segredo, mal explicado, dos humanos – tenha se aplicado, tortamente, o princípio básico da Contabilidade (a ciência que Heley não gostava): “não há débito sem crédito”, a vida lhe tirou algo e ela retribuiu dando muito.

Heley tinha 43 anos e chamava suas crianças de anjinhos e – isso não é segredo, é preceito de Deus – anjinhos não podem freqüentar o inferno, que se transformou a Creche Gente Inocente na manhã da última quinta-feira. Alguns dizem que ela se atracou ao assassino (para impedir que ele atacasse mais crianças), e por isso se queimou; outros que ela abraçou as crianças em chamas (para salvá-las ou acalmá-las), e por isso se queimou. Mas, realmente, não importa os detalhes. Atos de heroínas de verdade não carecem de detalhes.

Fossem outros tempos, Heley seria genuinamente e simplesmente uma heroína, daquelas nascidas como se predestinadas a isso. Nos tempos atuais, é provável que seu heroísmo seja “espetacularizado”, “consumido” e depois esquecido pelos mesmos que, de verdade, se comoveram, mas que estão interessados em outras heroínas (as de novela, as dos apresentadores de televisão, as famosas por 15 minutos e ordinárias para todo o sempre…). Porém, em qualquer tempo – e isso é segredo dos corações – a verdade deveria ser uma só: a professora da rede municipal Heley de Abreu Silva Batista não é heroína porque cometeu um ato heróico, é heroína porque ao dar alento aos seus anjinhos agiu com amor, coragem e compaixão.

Últimos Artigos

Conheça as vantagens de ser um afiliado. Junte-se a nós e aproveite.