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Juiz de Fora entristecida

A situação em Juiz de Fora está tão triste que até o relógio da Praça da Estação, que é um símbolo e cartão postal da nossa cidade, está parado.

Fico muito decepcionado ao ver o marasmo na nossa cidade. Juiz de Fora parou no tempo. Se você andar pelos bairros vai se deparar com situações totalmente desfavoráveis aos moradores, como ausência de infra-estrutura, segurança e lazer. Os nossos jovens estão sem perspectivas de futuro, pois a ausência de projetos de inclusão social, principalmente nos bairros, faz aumentar a tensão e a violência. Diante disso, o resultado é que Juiz de Fora ocupa lugar de destaque no ranking nacional de número de homicídios, divulgado recentemente.

No aspecto econômico a frustração é total. Estamos assistindo o desemprego aumentar e não temos conhecimento de nenhuma alternativa ou articulação para buscar uma saída. A desculpa é sempre a mesma: a crise é nacional. Sabemos que existe uma crise nacional, mas é necessário fazer o dever de casa, buscar a criatividade e fazer as articulações políticas com aqueles que receberam votos em nossa cidade para tentar mudar o quadro.

Na cultura, Juiz de Fora vive um dos piores momentos. É uma cidade estagnada culturalmente, totalmente sem iniciativas e sem atitudes para promover ações culturais. Estamos no período pré-carnaval e já sabemos que este ano não haverá disputa das escolas de samba, quebrando uma tradição. O que seria da cidade sem os blocos carnavalescos? Pois nesse momento são eles que estão proporcionando a pouca alegria aos juiz-foranos.

Tenho saudades dos tempos em que vinha de trem, o “Xangai”, do Bairro Retiro, onde nasci e fui criado, para estudar no SENAI, aqui no Centro, em meados dos anos 70. Nós lá do Retiro e de outros bairros mais longínquos dizíamos que estávamos indo para a cidade. E que cidade, hein?

Com certeza, Juiz de Fora era mais alegre naquela época, final da década de 70/início da década de 80. A Praça da Estação era movimentada com o fluxo constante de trabalhadores chegando de trem e de ônibus. Hoje está totalmente abandonada, suja, em plena decadência e sem segurança, visto que o Posto Policial que ali funcionava fechou suas portas há poucos dias.

A juventude era mais alegre e menos violenta, os ensaios das escolas de samba lotavam as quadras e os desfiles no dia do Carnaval atraiam pessoas de outras cidades – e pouca gente falava que ia para a praia, durante o Carnaval. Sem contar que a vida noturna tinha grandes opções, com ambientes propícios ao convívio social e à diversão, como o Rafa’s, e os restaurantes Flamon, Café Dia e Noite, Faisão Dourado, Danúbio Azul, Ouro Preto e tantos outros.

Juiz de Fora respirava otimismo. Naquela época já se começava a planejar a construção do Teatro Pascoal Carlos Magno – que estão construindo até hoje! Os estudantes, principalmente os universitários, estavam mais presentes nas ações políticas e culturais da cidade. Tenho lembranças de um jornal que era distribuído aos moradores, o “Leia!”, que tinha um conteúdo fantástico. Lembro também do Varal de Poesias no Calçadão. E dos domingos de futebol, que proporcionavam mais integração entre os moradores e um clima de disputa esportiva sadia – com a cobertura completa pelo radialista Mário Helênio, que divulgava tudo no Programa “Giro da Bola”. E das festas, da Paz e das Nações. E o inesquecível Zé de Barros, que promovia anualmente um grande Encontro Sertanejo. E fica a lembrança também dos programas da TV Industrial, transmitidos do Morro do Cristo, mostrando que Juiz de Fora estava na vanguarda.

Quanta coisa boa que ficou para trás.

Quem sabe Juiz de Fora vai voltar a sorrir.

Há, lembrei de uma coisa: o relógio da Praça da Estação naquela época funcionava!

 

Cosme Nogueira

Juiz-forano e presidente da FESERP-MG

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